Refluxo, o que é?
O refluxo é a passagem de conteúdo gástrico (o leite ou comida e o suco gástrico) para o esófago, com ou sem regurgitação (bolçar). Ocorre fisiologicamente em bebés, crianças e adultos saudáveis, várias vezes ao dia. Habitualmente os períodos de refluxo são curtos e não causam desconforto!
Bolçar não é o mesmo que ter refluxo – e estes são conceitos que muitas vezes se confundem. Bolçar é um episódio de regurgitação – passagem do conteúdo refluído para a faringe e para a boca, com expulsão involuntária e sem esforço. Uma criança pode ter refluxo e não bolçar – é o chamado refluxo oculto.
Mas porque é que ocorre?
Existem mecanismos que impedem que o conteúdo que está no estomago volte para trás – são os chamados mecanismos anti refluxo. Um deles é o esfíncter esofágico – as fibras na zona entre o esófago e o estômago que são “mais apertadas” e impedem que o conteúdo volte para trás. E em todos nós ocorrem relaxamentos transitórios destas fibras.
O que acontece nos bebés é que estas fibras ainda não são muito fortes e por isso é mais frequente ocorrer refluxo!
Quais são os sintomas?
Os sintomas variam muito, e quanto mais pequeno é o bebé menos específicos são os sintomas.
O principal sintoma costuma ser bolçar, mas também podemos ter irritabilidade, má progressão de peso, engasgamento, recusa alimentar….as crianças já conseguem mesmo expressar sintomas e referem o mesmo que o adulto: azia, dor torácica, dor abdominal…
Em alguns bebes pode ocorrer uma posição típica da cabeça a dormir: inclinando o pescoço para trás – é o chamado Síndrome de Sandifer e também está associado a refluxo.
É preciso fazer análises ou outros exames?
Não! Na maior parte dos casos não são necessários exames para fazer o diagnóstico de refluxo. Em alguns casos específicos pode haver indicação para ecografia abdominal, endoscopia ou outros exames ainda mais específicos.
O que podemos fazer? Vai passar?
Agora que já sabem o que provoca o refluxo nos bebés conseguem perceber que vai passar, na maioria dos casos, por si só com o crescimento e amadurecimento dos mecanismos anti refluxo! Os estudos mostram-nos que 55% desaparece aos 10 meses e 80% aos 18 meses!
Assim, na maioria dos casos o que indicamos são as medidas posturais:
- Refeições mais pequenas e frequente
- Colocar sempre em posição vertical depois da alimentação, pelo menos 20 minutos – mas podem ser precisos mais
- Os leites AR (anti-regurgitação ) são tipicamente mais calóricos e diminuem a regurgitação, mas não o refluxo propriamente dito – devem ser usados durante o menor tempo possível.
- Os sintomas do refluxo podem confundir-se com uma alergia à proteína do leite de vaca – por isso é lícito em bebes amamentados que a mãe faça evicção e nos restantes experimentar durante algumas semanas uma fórmula hidrolisada para ver se faz diferença – mas isto sempre acompanhado e orientado pelo médico assistente
Em alguns casos específicos pode haver indicação para medicação. Casos em que o bebé não esteja a crescer bem ou os sintomas sejam muito intensos, por exemplo com inibidores da bomba de protões – o famoso nexium. Mas não queria deixar de reforçar que nem todos os casos necessitam de terapeutica e que a terapeutica não é isenta de riscos!
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