O que é o Apego ?
O apego é um vínculo emocional especial, diferente de todos os outros, entre o bebé e as suas figuras cuidadoras — geralmente a mãe, mas podem existir várias, cada uma com um papel único. Antigamente achávamos que só se podia ter uma figura de apego, mas actualmente sabemos que existem várias e que têm papéis hierárquicos.
Este vínculo é geneticamente programado e essencial para o desenvolvimento emocional e relacional. Não existe apenas nos humanos, está presente noutras espécies e manifesta-se desde os primeiros meses de vida. Apesar de geneticamente programado não é automatico, o apego vai-se desenvolvendo ao longo do tempo.
Para que serve?
O apego tem uma função reguladora. Em situações de stress, o bebé procura a sua figura de apego — é ela que funciona como o regulador psicobiológico, ajudando-o a acalmar-se, a regular emoções e a ganhar confiança no mundo. E apesar de falarmos de apego nos bebés é importante referir que o apego existe a vida toda.
Ter uma figura presente e sintonizada permite ao bebé:
– Sentir-se seguro
– Explorar o mundo com confiança
– Desenvolver autonomia com base numa relação estável
O Apego é todo igual?
Não. Existem vários tipos de apego, e com qualidades diferentes. O modelo de apego que o bebé desenvolve vai depender da experiência que o bebé tem. Se o cuidador é disponível e se é consistente na resposta às suas necesidades. Através das várias interacções que o bebé tem com o cuidador vai então desenvolver um tipo de apego e atualmente já sabemos que isto vai influenciar comportamentos e emoções ao longo da vida.
O que queremos é o APEGO SEGURO.
É o que queremos. O bebé sabe que a a figura de apego é consistente e disponível e confia que será ajudado e sente-se valorizado. Quando se vê em situações de stress vai chamar pela figura de apego e acalmar-se com a sua presença.
Depois existem os outros tipos de apego que resultam de figuras de apego pouco responsivas às necessidades, ou imprevisiveis ou até fonte de medo. Este tipo de abordagem gera o apego inseguro evitativo, inseguro ambivalente ou desorganizado.
Como promover Apego seguro?
Um estudo muito conhecido conduzido por Mary Ainsworth, nos anos 70, mostrou que os bebés com apego seguro tinham mães que se mostravam sensíveis aos sinais do bebé e disponíveis para responder de forma adequada. Estas características foram associadas ao desenvolvimento de um vínculo seguro.
E continuamos a ter evidência cientifica a corroborar esta informção! Um estudo recente (Sheri Madigan et al., Psychological Bulletin, 2024) — que incluiu 174 investigações e mais de 22 000 crianças — mostrou que a sensibilidade materna está positivamente associada ao apego seguro. As mães que percebem e respondem rapidamente às necessidades do bebé tendem a promover um vínculo seguro.
No fundo…. A presença constante gera confiança. E essa confiança é a base da autonomia e da vontade de explorar. O apego não é mimo – é a base segura para tudo o resto.
Bibliografia sobre o Apego
– Bowlby, J. (1988). Uma base segura.
– Di Bártolo, I. (2018). El apego: cómo nuestros vínculos nos hacen quienes somos.
– Di Bártolo, I. & Seitún, M. (2019). Apego y Crianza.
– Siegel, D. (2012). O cérebro da criança.
-Ainsworth, M. D. S., Blehar, M. C., Waters, E., & Wall, S. (1978) Patterns of Attachment: A Psychological Study of the Strange Situation. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum
-Madigan, S., Brumariu, L. E., Zeegers, M. A. J., Dirks, K., Kim, S., & Atkinson, L. (2024).
Maternal sensitivity and attachment security in early childhood: A meta-analysis of 174 studies. Psychological Bulletin, 150(7), 1234–1256.
